top of page

Adrielle Aquino

A dama da noite exala o cheiro da lua

A neblina que toca a pele da cada arrepio

Quando se vê um vulto, atravessar para a mesma calçada

Seus passos sutilmente tocam o chão

Chão que me lembra infância

Me recordo da perseguição

Tipo missão impossível

Mas de frente vem o socorro, não sei se corro ou morro

O que sei é que flutuo em um universo dentro de mim

 

O que vejo da janela? Dois olhos

Vermelhos intensos

Tão tensos que me cegam

Uma sutil porrada atinge meu rosto

As estrelas vão despencando do céu

Fazendo cortes profundos na minha pele

Não sei se gritar serve

 

O preto vira roxo, formando rostos amargurados no campo de algodão

As sementes viram corpos que se entrelaçam na terra

Uma tela pintada de vermelho, não dói mais ralar o joelho

O fato é, que já não sinto mais nada

As crianças aqui brincam enquanto os adultos as vigiam

Elas me parecem felizes e eu? Indignada por não lembrar mais o caminho de casa

Me perguntam se tive um nome, pois ali todos são chamados por números

Cada um tem sua região, religião, sobrenome?! NÃO

 

Todos viemos de lugares parecidos. KEMET

Provedores parecidos. YURUGUS

Os meteoros que caem têm rostos, nome e sobrenomes

Alcancei a paz ao saber que aqui não jaz, os provedores são muitos... HOMENS

Contato: @ablapreta

bottom of page